Limite

26 de fevereiro de 2015
Todo mundo passa por momentos estressantes. Todo mundo chega ao limite e desaba ao chão. As pessoas se cobram tanto. O ser humano exige do outro tanto ou até mais do que exigiria de si mesmo. Chega a ser exagero. E mesmo sabendo que esta constante nos levará ao precipício mais à frente, as cobranças nunca terminam e o mundo continua a girar no seu próprio eixo.
Eu cresci em um meio complicado. De um lado as pessoas tinham medo de pedir coisas que fossem além da minha capacidade. Em contraponto, havia aqueles que exigiam mais do meu esforço, mais da minha boa vontade. Com o tempo aprendi que é gostoso ir mais adiante e provar a si mesmo o quanto consegue fazer, o quanto consegue caminhar e o quanto pode fazer da vida algo divertido e próspero. Mas, quanto mais você quer caminhar, maior a pressão jogada às suas costas. Mais peso recai sobre seus ombros e mais rígido você se torna. 
O meu problema é querer alcançar um parâmetro no mínimo admirável. Poucos sabem, mas eu preciso sempre redobrar as minhas ações para que me vejam como “igual”. Porque, acredite, é duro quando alguém aponta o dedo e diz que você não é capaz porque a natureza te criou imperfeita e com uma limitação aparente. Todavia, eu sempre me recusei a ser tratada como a “pobre menina defeituosa”. Nunca gostei que me olhassem torto, ou que simplesmente me deixassem por perto porque achavam que eu não poderia fazer muita coisa. Ah, como eu odeio ser tratada como coitadinha! E por eu nunca ter aceito ser uma pessoa limitada, eu optei por viver a vida correndo atrás das coisas, mesmo que parecesse impossível. 
Infelizmente, eu passei a cobrar um alto nível de execução em minhas tarefas. Eu ordenei que meus atos fossem pouco flexíveis. Eu sempre fiz questão de ser a melhor. Quando você pede tanto de si, vai por mim, você acaba pirando. Você acorda um dia e começa a chorar. Seu chão desaparece e seu corpo cai buraco abaixo, em queda livre. E não adianta desesperar, não adianta gritar. Ninguém vai te ouvir. Inclusive, chegará uma hora que você mesmo passará a ignorar os seus pedidos de ajuda. 

Tem gente que diz que sou exagerada. Quer saber? Eu até devo ser mesma. Mas, só eu sei como é duro querer cumprir com as responsabilidades. Só eu sei como é duro provar ao mundo, sobretudo ao meu eu racional, o quanto eu sou capaz de realizar todo o tipo de tarefa. Que não será o meu defeito de fabricação que me impossibilitará na conquista do mundo. Porém, é ainda mais complicado viver na agonia, sem saber até quando vou conseguir equilibrar o copo que está a beira do transbordamento. 

Um comentário

  1. Eu fiquei emocionada com essa leitura, me identifiquei sabe? As piores limitações nem são as físicas, tem tanta gente que é "perfeito" mas que vive como se já estivesse morto... Essa cobrança do mundo me cansa, comecei a fazer coisas para agradar os outros e vi que o único prejudicado na história é quem deixa de fazer o que quer pra provar a alguém que também é capaz. Mas e daí?! o que faz você feliz não obrigatoriamente fará o outro também. A tal da felicidade. A gente sabe o que é mesmo? Vai ver é uma coisa muito simples, mas não conseguimos pegá-la, sempre correndo atrás, como um ratinho na roda atrás do queijo.

    Barbara

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