Resenha ==> Mangá Orange - por um futuro sem qualquer tipo de arrependimento

7 de novembro de 2015
O futuro é algo que criamos a cada dia. É no presente que delimitamos nossos trajetos e as nossas ações dali por diante. O que nunca paramos pra pensar, é que o mínimo esforço acarretará algo que futuramente não iremos gostar: talvez, quem sabe, o fato de passarmos o dia inteiro enfurnados em nossos quartos, nos tornará pessoas solitárias, infelizes com as próprias vidas. Mas, e se este mesmo cenário nos apresentar caminhos mirabolantes, ao lado de amigos que nos acompanhará pelo resto de nossas vidas, talvez o ato de não fazer nada possa se transformar em algo gratificante. Mas, vamos ser sinceros, deixar a vida correr sem nada produzir nunca nos traz boas coisas.  



Em Orange conhecemos Naho, uma garota de 16 anos que está no segundo ano do colegial. No dia em que ela se atrasa para o colégio, a menina se depara com uma carta misteriosa e que mudará por completo seus dias pacatos de adolescente tímida e insegura. O remetente nada mais é do que ela própria, 10 anos mais velha, pedindo para que seu eu mais novo tome coragem para mudar seu destino e daqueles que a rodeiam. 

A gente não sabe como essa carta do futuro chegou às mãos de Naho. O que sabemos é que a menina precisa mudar a vida dos amigos, especialmente de Kakeru, o menino novo, transferido de Tóquio para Matsumoto, onde o enredo se desenrola. 

Esse mangá caiu nas minhas mãos muito por um acaso. Bati o olho na capa e fiquei uns cinco minutos decidindo se deveria ou não comprá-lo. Sei lá, eu já tô enchendo minhas prateleiras desses benditos quadrinhos japoneses, por que enfiar mais um nas prateleiras quase sem espaço? Pois é, dá pra perceber que minhas expectativas eram nulas. Mas, foi isso que mais gostei. Adorei o fato de não esperar nada pelo enredo e, enquanto o devorava em um dia, encantava-me com a narrativa. Você sabe, japonês tem esse dom de colocar assuntos profundos em meio à diálogos que por vezes soam engraçados ou despretensiosos. Orange é o tipo de estória que te faz repensar sobre as suas próprias atitudes.



Todos nos arrependemos de algo. Alguns arrependem-se mais do que outros. Arrependimento demais pode virar um grande problema. Arrependimento gera remorso. Remorso desencadeia tristeza, infelicidade. A vida nos obriga a decidir tudo muito rápido. Você sabe, como quando estamos no último ano do colegial e precisamos optar por uma profissão. Eu sei que há aqueles que decidiram, de maneira serena, o que gostariam de fazer quando adultos. Só que eu, assim como muita gente, demorei um pouco pra entender o que realmente me fazia bem, ou o que me fazia feliz. E é terrível ter que escolher tão às pressas. É horrível termos que tomar decisões que só lá na frente conseguimos compreender, além de suas consequências permanentes. E é aí que nasce o problema; entender que essa maldita consequência só ocorreu porque não fomos capazes de nos entender e compreender o próximo. Que os amigos que nos acompanham sofrem diretamente o peso de nossas escolhas, assim como sofremos dos seus mesmos comportamentos. 

Semana passada, enquanto assistia uma entrevista de uma cantora que eu gosto muito, o apresentador disse algo lindo: “Crescer é aprender a dizer adeus. As despedidas são momentos de crescimento e amadurecimento.”. Porra! Por que precisa doer tanto? Por que precisamos criar arrependimentos para que possamos nos tornar seres melhores e mais maduros? Arrependimentos servem para que possamos crescer. Só que é injusto termos que trilhar caminhos tão obscuros e tão pouco certeiros na caminhada até nosso destino final. Chega a ser doloroso quando nos pomos a pensar que poderíamos ter amado mais, sorrido mais, chorado mais. É aterrador pensar que poderíamos ter feito mais por alguém, por aquela pessoa que sempre esteve ao nosso lado, que nos viu crescer, que nos observou amadurecer. E quer saber? O tempo é curto. A vida não espera e a gente só se dá conta quando perdemos familiares e amigos, pessoas que realmente são importantes na nossa vida. E, até que isso nos ocorra, continuaremos cometendo esses patéticos e ignorantes erros. Continuaremos a ver a chuva cair, o sol nascer e a lua minguar. 

A vida pode ser uma grande droga, quando tudo o que valorizamos nunca é valorizado no mesmo instante. No final das contas, só damos valor aos sentimentos, às pessoas e às situações, quando deixamos de tê-las, quando conseguimos somente acessá-las através das lembranças, rememorações repletas de feridas que nunca cicatrizarão. 

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