Resenha ==> Sociedade Secreta Rosa & Túmulo

12 de dezembro de 2015
Quando fui apresentada à serie, por volta de 2009, 2010, a ideia de um livro que retratasse o ingresso de uma garota à uma sociedade secreta, parecia-me algo repleto de mistérios e empolgação. Por alguma razão, que agora eu consigo entender, levei cinco longos anos para decidir dar início ao mundo da Rosa & Túmulo. 


Amy estuda literatura russa. Ela também é editora chefe da revista da faculdade. A estudante tinha certeza que em breve seu nome seria requisitado pela sociedade Pena & Tinta, já que seu currículo impecável era sua porta de entrada para o sucesso. Todavia, supreendentemente a menina é convocada para a sociedade mais eloquente e tradicional: Rosa & Túmulo. Agora, como Coveira, Amy precisará guardar este segredo dos amigos, terminar de ler Guerra e Paz e de quebra escolher qual rumo tomar com relação à sua amizade colorida com Brandon, o garoto com quem tem ido pra cama, desde o Dia dos Namorados. 



Pois é pessoal, eu literalmente contei em um único parágrafo do que se trata o livro. Basicamente conhecemos Amy, uma menina que sinceramente não tem nada de extraordinário. Ela e sua melhor amiga Lydia sabem tudo o que diz respeito às tais Sociedades Secretas. Ambas desejam pertencer a uma e, assim como nos é apresentado logo no começo, as duas meninas realizam os seus desejos. Amy tornara-se uma Coveira e Lydia transforma-se em uma… Opa, espera um minutinho aí! A gente não sabe o nome do grupo de amigos da Lydia. A menina exige que Amy lhe conte tudo sobre os seus novos irmãos mas, quando confrontada, ela simplesmente desconversa. E isso, para meu tremendo desgosto, ocorre durante toda a leitura. As companheiras de quarto brigam feito menininhas bobas do Ensino Médio, como se ambas buscassem pelo maior status que a sociedade lhes pudesse regalar. Essa rixa transforma o livro em algo cansativo, clichê e completamente descartável. 

Quando Amy é convocada pela Rosa & Túmulo, a protagonista fica alguns capítulos duvidando de sua convocação. Até a iniciação, Amy acha que aquilo nada mais é do que um mal entendido e que as pessoas estão tirando com a sua cara. Porém, Malcom, seu irmão mais velho dentro da sociedade secreta, mostra-lhe que seu nome foi cogitado e que a mesma deveria se sentir honrada em fazer parte deste grupo seleto e desejado. 

Infelizmente, o enredo começou a funcionar comigo quando estava já na metade do capítulo dez. E, faltando um pouco mais de cem páginas, a autora decide dar início à trama, assim como sua resolução. A problemática nada mais é do que um grupo extremamente conservador no qual, em pleno século XXI, convocar mulheres é um ultraje. E, de verdade, a autora poderia levantar tantas questões feministas, tantos paradigmas, tantos questionamentos para tornar o enredo interessante e empolgante, porém seus feitos são em vão. Tudo que nos é apresentado trata-se de é um pai chamar a própria filha  de vagabunda, fazendo com que Amy discurse o quanto esse senhor se equivoca em seu raciocínio. E isso, minha gente, é o final de todo o problema.

Outro ponto que me desagradou, é essa coisa da Amy ficar comentando sobre os garotos com quem foi pra cama. Como ela é monitorada pela mãe com relação ao sexo. Sério mesmo que a menina ainda quer soar virgem e inocente? Pra quê? E, vamos ser sinceros, os pais sabem o que seus filhos estão fazendo e em vez de ficar repreendendo ações normais, por que simplesmente não orientam? Pensando bem, por que a autora não levantou o seguinte questionamento: "Em uma sociedade na qual o machismo ainda prevalece, se Amy fosse um garoto que fica com meninas à torto e a direita, certamente ele seria coroado o Super Macho Pegador. Mas, como estamos falando de uma menina, ficar com dois meninos, em uma única noite, é considerado vergonhoso, inapropriado, imundo.”. Por que a personagem não pensou a este respeito? Por que ela simplesmente não desenvolveu esse tipo de pensamento e fez com que as meninas parassem para refletir? Por que homens são endeusados enquanto meninas são desvalorizadas? Terá uma parte no livro, lá pelo final, que o pai de uma das personagens cita que o fato da filha ter transado nova e engravidado a torna uma vagabunda completa. Ah, gente parou, né!!!! O pior é que no final das contas, essa personagem e a Amy falam muito por cima sobre isso. Tudo acaba se resumindo a: "Puxa vida, no final das contas você nem é tudo isso que seu pai falou deu a entender.”. Fala serio!!! É isso? É só isso que elas tem a dizer? De como antes achavam que se detestavam e agora se adoram só porque passaram a conviver na mesma sociedade? E vamos combinar, achei muito absurdo o pai da menina, um sujeito que preza tanto a própria imagem e a da família “perfeita" soltar o tipo de comentário inapropriado e machista na frente de todo mundo e as pessoas, exceto a protagonista principal, permanecerem caladas, como se essa atitude fosse muito normal. Nenhum dos adultos teve coragem pra enfrentar esse cara, mas uma estudante teve e ainda por cima fez com que todos se sentissem maravilhados com as suas palavras. Quanta forçação de barra!

Para finalizar, de secreta a bendita sociedade não tinha absolutamente nada, Todo mundo sabe quem pertence à Rosa & Túmulo, só não sabe o que fazem lá dentro. E, quer saber? Eles possuem privilégios, coisa que toda sociedade que se diz secreta dá a seus membros: Respostas para provas, contato com grandes empresas para estagiar e até mesmo o emprego dos sonhos.  


Não adianta, Diana Peterfreund tentou fazer com que status, política, badalação e privilégios fosse algo inebriante quando, no final das contas, transformou-se em algo bobo, infantil e nada viciante.


4 comentários

  1. Esse é um livro que eu já tive muita vontade de ler, principalmente por se dizer tratar de uma sociedade secreta, assunto pelo qual eu tenho total fascínio, mas como você cita na resenha, todo mundo sabe da sociedade e de quem faz parte dela, e eu já tinha visto esse comentário negativo a respeito do livro, várias pessoas se decepcionaram assim como você, acho que fiz bem em me manter longe dessa leitura.
    Estou seguindo e adorando o blog!
    Beijos.
    Tenho um blog sobre filmes, series e cultura no geral. Se puder dar uma conferida eu ficarei muito grata: http://cineleva.blogspot.com.br/ :)

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  2. Exatamente. Eu não entendi justamente essa proposta. A ideia é a série voltada à uma sociedade secreta. Mas, como pode ser secreta se todo mundo sabe quem faz parte do grupo? Sei lá, não fez sentido na minha cabeça.
    Ai, vou super entrar nesse outro blog e linkar. Amoroso novidades da cultura pop.

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  3. Oi Bella!
    Faz um tempo que eu queria ler esse livro e acabei esquecendo dele. Acho que hoje em dia não o leria mais.

    Beijos,
    Epílogos e Finais

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    1. Pois é, acho que se eu o tivesse lido 5 anos antes, talvez não me incomodasse tanto quanto agora. Só não entendo o que as pessoas enxergam de tão legal na obra.

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