A mescla das diferentes realidades

12 de janeiro de 2015
Já parou pra pensar como as pessoas se comportam no mundo virtual e o quão semelhantes seus perfis são no mundo real? Eu sei, na maioria das vezes há sempre aquela conotação de que na Internet podemos criar qualquer tipo de imagem e nos expor da forma que mais nos sentimentos confortáveis. Mas, o que muitas pessoas não param para pensar, é que a “imagem perfeita”, a ideia de “vida perfeita” e repleta de ostentações, surge somente quando não nos relacionamos com os outros internautas. Quando você passa a criar um vínculo com determinada pessoa dentro do ciberespaço, aquela primeira ideia de “vida desejável” transforma-se em algo indesejável e o usuário é mais uma pessoa tão sem graça quanto você. 
Estou falando isso porque passei o final de semana assistindo a um anime chamado Sword Art Online. No desenho há toda a ideia da construção do mundo virtual e seus jogadores. Com um aparelho de última geração o jogador passa a vivenciar de maneira extremamente real as sensações de seu personagem. É como se a pessoa fosse transportada a um mundo paralelo e fosse capaz de viver dentro dele, alheio por inteiro do mundo real. A graça do anime vai muito além das boas experiência no SAO. Porque, para que fique bem claro, você precisa avançar nos níveis - até o 100 para ser mais exata - para completar o game. Entretanto, como mencionei anteriormente, as experiências são tão verdadeiras que, caso  seu personagem morra, ocorre o mesmo com o jogador na vida real. Interação real-virtual por completo.

Não quero entrar na questão dos dois mundos, ou o quanto eles se mesclam na atual situação. Acredito que todos, sem excessões, sabem o quanto estes dois universos estão interligados e o quanto um não vive mais sem o outro e suas diversas ramificações. O que me intriga é justamente o caráter das pessoas. Será que somos espelhos daquilo que somos realmente refletidos? Até que ponto retiramos a armadura que nos cobre nas redes sociais?
A princípio inventamos um outro eu. Vocês sabem, como quando jogamos aqueles jogos de segunda realidade como: The Sims, Second Life - ainda existe? - e os muitos RPGs online. Elaboramos toda uma gama de novos conceitos, novas imagens e novas definições daquilo que pode chamar a atenção do usuário que nos visualiza. Quer melhor exemplo do que aquele maldito Tinder? Não, eu não uso esse aplicativo demoníaco. Nunca usei, mas conheço quem o usa. Basta você localizar pessoas que estão próximas a você. Uma única visualização na foto. Uma única curtida e uma nova brecha é aberta. Então, se vocês conversam por um tempo consideravelmente razoável, sei lá, pra essa geração algo como duas semanas, é marcado um encontro. O que preciso deixar claro, é que nas primeiras vezes que vocês se encontrarem, ambos serão aquilo que criaram dentro da Internet: pessoas legais, com vidas sociais super badaladas, repletos de amigos e super bem de vida. Todavia, conforme vocês vão estreitando estes laços e passam a se conhecer melhor, descobrem que aquela “imagem ideal” nada mais é do que uma farsa. Vocês passaram a retirar a máscara mesmo através da Internet porque sentem a necessidade de serem aceitos pelo outro por serem quem de fato o são. 
Eu sei, isso soa tão confuso. Mas, para um pouco pra pensar; quantos amigos virtuais vocês começaram a fazer e quanto deles valeu a pena se abrir e mostrar quem vocês são realmente? Quanto maior a afinidade, maior as chances de vocês demonstrarem seus verdadeiros "eus". Mesmo os maus-carárateres acabam sendo descobertos, mesmo que virtualmente. Eles, como todos nós, inicialmente criam uma bela e interessante carapaça. Todavia, com o decorrer do tempo, eles passam a demonstrar seus interiores, chegando a nos apresentar suas verdadeiras intenções. E vocês podem até dizer que pessoas desse tipo são mais complicadas de serem descobertas. Vou lhes contar um segredo; tudo depende dos seus amadurecimentos e visões de mundo. Pessoas mais experientes, que aprenderam lições importantes a duras penas no mundo real, possuem maior facilidade em desmascarar essas pessoas imprestáveis. Porém, por outro lado, dentro do ciberespaço as pessoas ainda possuem o poder do jogo, do lúdico e, se você é uma pessoa inocente, as chances de não perceber o “vilão" da partida é bem mais provável de acontecer. 

Contudo, uma coisa é certa. As pessoas, de um modo geral, acabam mostrando suas verdadeiras faces. E, acredite, todos nós fazemos isso na vida real, sobretudo quando chegamos a um novo lugar onde ninguém nos conhece. Posamos de tolerantes, bons, maravilhosos. Entretanto, com o passar do tempo e a nossa confiança neste novo local, começamos a mostrar traços da nossa personalidade que antes fazíamos tanta questão de esconder. 

No final das contas, somos todos meros jogadores, cada um en seu board, aliando-se à outos players, procurando por mecanismos para burlar o sistema e alcançar o nível máximo que nos regalará… Espera um pouco. Afinal de contas, ninguém nunca nos contou o que tanto buscamos. Alguém sabe qual o prêmio escondido após vencer o último chefe, da última fase? 

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