Castelos de cristais fadados à destruição

24 de janeiro de 2015
O ser humano é o único capaz de modificar a própria realidade. É também responsável pelas diferentes formas de escapar daquilo que o fere, mesmo que para isso precise ferir outros tantos como ele. Porque, você sabe, a vida não é fácil e nem nunca será. O mundo é extremamente complexo, onde habitam seres tão complicados de lidar, assim como o seu meio. 
As pessoas não se odeiam. Elas odeiam a si mesmas. Odeiam não conseguir chegar até as suas respectivas metas. Odeiam sonhar e nunca terem feito nada para ir além de meras ilusões que podem ser dissolvidas em poucas gotas d’água. Mas, sobretudo, odeiam ser um bando de medrosos, incapazes de correr atrás daquilo que acreditam e que querem para si. Entretanto, é muito mais fácil culpar os outros por seus fracassos, ou inventar desculpas para continuar estacionado no mesmo lugar, do que fazer a coisa certa. Porque ser feliz dá trabalho e te leva muito do tempo livre que você teria para fazer absolutamente nada. 
Eu trabalho com o público. Lido com gente o tempo todo. E querem saber? É uma faca com dois lados afiados. Em uma extremidade vejo um monte de gente simples, simpática que, apesar dos pesares, apesar do peso que o mundo insiste em colocar sobre seus ombros, essas mesmas pessoas ainda sorriem. E do outro, há aqueles que acham que precisam se impor diante de você, como se o fato de serem advogados, militares e o que quer que sejam dentro da sociedade, as torne extremamente importantes. Este tolo grupo acredita que deve ser tratado diferente, regado à vinho importado, um belo tapete vermelho, sentado sobre um trono escrutado em jóias preciosas. Sou só eu, ou as pessoas complicam algo que jamais deveria ser complicado?
Eu nunca gostei de competições. Nunca gostei de ter que provar ser vencedora, sobretudo quando a competição em nada me interessava. Afinal, o que tanto as pessoas acham que precisam provar para as outras? Que são ricas? Que possuem status maiores? Que possuem a vida perfeita, dentro de um lar mais que perfeito? E de que adianta tudo isso? No final do dia, basta colocar a cabeça no travesseiro que tudo o que você insiste em gritar ao mundo, no final das contas, não passa de uma grande e idiota mentira. 

Talvez, um dia, eu compreenda a ideia de viver em sociedade. Talvez, quem sabe, eu finalmente vou apreciar uma boa competição. E, quem sabe, um dia vou jogar na cara das pessoas uma puta mentira deslavada e torná-la tão real aos outros, que passarei a acreditar neste monte de inverdades. Vai saber, um dia, talvez, eu deixe de ver as coisas como elas realmente são; castelos de cristais fadados à destruição.   

2 comentários

  1. Eu também detesto competições... detesto ter que provar que sou alguma coisa e que outra pessoa é menos. E o pior, descobrir que sou pior que os outros... e que por isso "não valho tanto!".
    Não gosto disso... :(

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  2. Eu também odeio descobrir que "não sou boa o bastante". E eu não entendo porque as pessoas gostam de se provar superiores. Por que não podem simplesmente viver numa boa, sem julgamentos, sem status idiotas?

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