Dizer adeus

9 de janeiro de 2015
Odeio despedidas. Você sabe, daquelas que você precisa cortar os laços físicos porque a outra pessoa precisa crescer, assim como você. Odeio ter que dizer até logo, ainda mais quando pouco me sinto preparada para romper com tudo e seguir adiante. Odeio, sobretudo, ter que dizer adeus e não mais poder falar um “olá”. 
No meu trabalho já vi esse tipo de coisa acontecer por diversas vezes. A pessoa chega para trabalhar em nossa agência e no começo pensamos que não nos apegaremos ao seu jeito, seu modo de falar e de agir. Como somos tolos! Quando damos conta do quanto estamos apegados a esta pessoa, as vezes, como no começo dessa semana, é quando somos obrigados a dizer “até logo. Até mais.”. 

Sou o tipo de pessoa chata. Aliás, chata é modo carinhoso para dizer o quanto sou insuportável quando conheço alguém. Sou tímida. Mas, sou aquela pessoa envergonhada que aos poucos vai retirando toda a inibição. No início eu desconfio demais de quem estou sendo apresentada. Sei lá, passei 4 anos em um colégio no qual as pessoas viviam fazendo bullying comigo e eu simplesmente não sabia e nunca soube, como reverter aquele monte de idiotices. E, por mais que você diga que bastava dizer aos meus pais para que me tirassem daquela instituição de ensino, sério, vai por mim, as coisas não eram como hoje em dia. Naquela época bullying chamava-se frescura. Era exagero de quem o sofria. Então você podia falar um milhão de vezes o quanto detestava aquele lugar que seus pais achavam que eram coisas da sua cabeça de garota rebelde. 

Mas, como eu estava dizendo, se no começo sou extremamente pé atrás com alguém, conforme vou conhecendo a pessoa, mais me apego à ela. Porque, diferente do que muitos dizem por aí, eu consigo me apegar àqueles que constantemente estão me ensinando algo novo, que muitas vezes me apresentam uma nova perspectiva e, sobretudo, que me fazem recordar de quem eu ainda sou. Porque amizades são caminhos nos quais você anda acompanhado por um tempo e durante a trajetória muito é dito e algumas dessas coisas tornam-se marcantes. Entretanto, como toda boa caminhada, um dia chegamos às diversas bifurcações que a vida insiste em nos mostrar e. por diferentes vezes nos obriga a escolher. Bem, isso quando o mundo não escolhe por nós. E são esses pequenos e dolorosos momentos nos quais ainda não me habituei. São essas despedidas, sejam elas passageiras ou eternas, que quebram um pequeno pedaço do cristal no qual meu coração está acoplado. 

De uma coisa eu tenho absoluta certeza. As pessoas passam por nossas vidas para que sejamos capazes de melhorar como ser humano. Para que nos tornemos um pouco melhor do que somos na atual situação na qual nos encontramos. 

2 comentários

  1. Menina, você escreve muito bem. Que texto lindo e verdadeiro. Minha vida sempre foi feita de "encontros e despedidas"!! E viva Milton Nascimento e Fernando Blant que compuseram lindamente a canção com esse título!
    "(...) E assim chegar e partir
    São só dois lados
    Da mesma viagem
    O trem que chega
    É o mesmo trem da partida
    A hora do encontro
    É também despedida
    A plataforma dessa estação
    É a vida desse meu lugar
    É a vida desse meu lugar
    É a vida (...)"

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    1. Eu acho que o ser humano em geral não sabe como dizer adeus. E o pior é que esta é a única certeza. Uma hora ou outra a despedida é definitiva

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